quarta-feira

"Sarnau e Mwando protagonizam esta história de amor. Da juventude à idade madura, com eles percorremos os dias, os meses, os anos, os encontros e os desencontros, a dolorosa separação, o desespero, o sofrimento e a alegria, as lágrimas e os sorrisos. Atravessamos cidades e aldeias, convivemos com a tradição, aprendemos os costumes e os hábitos de um povo. Sarnau vai crescendo e amadurecendo sob o nosso olhar. Impossível não admirar a coragem, a determinação, o orgulho e a humildade, a firmeza e o carácter desta mulher. E a sua fidelidade, mesmo nas circunstâncias mais adversas, ao amor. Ao seu primeiro e único amor.
Mas haverá um reencontro? Serão Sarnau e Mwando capazes de apagar um tão longo e trágico passado? Existirá ainda para eles um futuro a partilhar?
«Tu foste para mim vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento. Eras para mim o mar e eu o teu sal. No abismo, não encontrei a tua mão.»
Sarnau, tu que assim falaste a Mwando, chegarás a encontrar um pouco de paz? Voltarás a conseguir esboçar no rosto o teu lindo sorriso, há muito perdido no tempo? Abrirás enfim os braços para neles abrigares o amor? Ouvirás a melodia que o vento espalha no universo?"
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Excerto: "Não imaginam o paraíso que vivi quando declarei a minha gravidez. Meu marido ornamentava-me de mil carícias, oferendo-me mil sorrisos. Eu punha-me cada dia mais bonita com os vestidos que a rainha me oferecia. Enfeitava-me com missangas, correntes e brincos de ouro, e toda eu reluzia. Não havia no mundo mulher mais feliz do que eu.
A felicidade, como a flor, abre-se deleitosa para agradar ao sol. No zénite escalda, morrendo na semiclaridade vesperal. Como o girassol, a felicidade dura apenas um sol." (página 58)
Um pequeno mas muito belo livro de uma autora que desconhecia totalmente - Paulina Chiziane.
(29 de Agosto de 2007)

terça-feira

"Anos antes da chegada dos europeus ao continente africano, dá-se numa aldeia um acontecimento imprevisto. Um aldeão obtém do exterior gado bovino da raça barrosã. O facto desencadeia vários conflitos que culminam com a desgraça de um dos filhos - Cisoka. Este, enfeitiçado com a rama de abóbora, fica privado de memória.
Este romance é a odisseia de um jovem que tanto se mete por caminhos adversos como luta para desvendar sortilégios mais enigmáticos a fim de reaver a memória perdida e, em consequência, redescobrir-se a si próprio e aos seus."
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Não foi, para mim, um livro fácil de entrar. Este escritor tem uma maneira muito própria de escrever que precisei de me habituar.
A história em si é bastante original. É um livro etnograficamente riquíssimo, com descrições muito belas. Adorei os últimos capítulos em que finalmente, depois de tantos acontecimentos vemos Cisoka vencer de uma maneira inesperada!
(28 de Agosto de 2007)

segunda-feira

"Um dos maiores romances franceses do século XIX e a mais célebre história de amor por uma cortesã.
Armand Duval é um jovem estudante de Direito na Paris de meados do século XIX. Jovem recatado, vindo de uma respeitável família burguesa interiorana, apaixona-se por Marguerite Gautier, nada mais nada menos que a mais cobiçada cortesã dos salões e teatros parisienses. Marguerite – vendida, corrompida, perdulária, amante de vários homens – corresponde ao amor do jovem, que provoca uma reviravolta na vida da jovem prostituta. Mas o futuro dos dois amantes enfrenta os mais rígidos obstáculos.
Escrito pelo francês Alexandre Dumas filho a partir da sua experiência autobiográfica com a cortesã Marie Duplessis, A dama das camélias é uma das mais célebres narrativas longas do século XIX – o próprio século de ouro do romance europeu.

No livro, lançado em 1848 com enorme sucesso, assim como em toda a sua obra, Alexandre Dumas filho – filho bastardo do autor de O conde de Monte Cristo, Os três mosqueteiros – faz um ajuste de contas com a sociedade que o humilhara. A dama das camélias foi adaptado para cinema e teatro inúmeras vezes, entre as quais na ópera La Traviata, de Giuseppe Verdi.
A engenhosidade da estrutura, a limpidez e beleza do estilo, a honestidade no tratamento de uma das mais antigas facetas da sociedade humana – a prostituição – e a pungência com que desvenda as hipocrisias humanas fazem-na a obra-prima de Alexandre Dumas filho, que ainda hoje se lê de um fôlego só.
Alexandre Dumas filho nasceu em Paris, em 1824, filho ilegítimo do escritor Alexandre Dumas (autor de O colar de veludo, entre outros). Muito cedo Alexandre filho tornou-se observador da sociedade da época. Em 1842 conheceu a famosa cortesã, Marie Duplessis, de quem tornou-se amante e com quem rompeu em1845. Marie Duplessis faleceu em fevereiro de 1847, e sua morte afetou profundamente o escritor, que se isolou para escrever uma história baseada no seu romance com a cortesã, que atingiu um sucesso estrondoso. Em 1851, adaptou A dama das camélias para o teatro, e a peça foi acusada de imoralidade. Alexandre Dumas filho foi eleito para a Academia Francesa de Letras e sua fama rivalizou internacionalmente com a de seu pai. Morreu aos 65 anos, em 1895."



Uma belíssima história trágica de amor que me encantou profundamente e tive de ler duas vezes! Simplesmente adorei!
(27 de Agosto de 2007)

quarta-feira

Terceiro romance do cantor/compositor brasileiro Chico Buarque.
O protagonista é uma espécie de "homem duplicado". José Costa, escritor, após uma aterragem forçada em Budapeste apaixona-se pela língua húngara, o que o torna Zsose Costa. A partir daí a sua vida divide-se em duas: dois amores, duas cidades, duas línguas, duas culturas. Também o herói do seu romance mais aclamado, Kaspar Kraube, um executivo alemão que viaja para Guanabara aprendera a escrever português no corpo de Teresa (ecos de O Livro de Cabeceira, de Peter Greenaway) e continuou essa aprendizagem noutros corpos.
Na Hungria, Zsose Costa, publica um livro de poemas sob pseudónimo.
Quem é quem? O que é de quem? Somos um único, ou vários dentro do mesmo corpo?
Especulações de um romance de referências cruzadas.
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Esta foi a minha primeira leitura de um livro de Chico Buarque. Desconhecia por completo a sua obra literária (não da sua existência mas do conteúdo).
Não posso dizer que foi um livro que adorei, mas que simplesmente gostei.
O protagonista, José Costa, escreve obras, discursos, pequenos textos,... no completo anonimato (será?), para que outros possam dizer que tais palavras e textos são de sua safra. Ou será que o protagonista, ao escrever, veste de tal maneira as personagens que cria a tal ponto de se esquecer da sua verdadeira identidade? Fica para cada leitor descobrir.
"Um grande destaque à forma engenhosamente fracionada como Chico Buarque conta a história, do meio pro começo, fim, pro agora, etc." (pequeno excerto do blog pedrorafa.com)
Um pequeno livro que reserva ainda uma surpresa no final...
(22 de Agosto de 2007)

terça-feira

"Situada no período da Restauração que se seguiu à queda do Império Napoleónico, a acção dá-nos com impressionante realismo o ambiente de uma modesta pensão familiar- a casa Vauquer- e coloca-nos perante uma série de personagens entre as quais avultam Vaultrin, o forçado cínico que não olha a meios para conseguir os seus fins; Rastignac, o jovem estudante ambicioso que para singrar na vida e conquistar o seu lugar na alta sociedade a esta sacrifica, mais ou menos inconscientemente, muito do melhor de si próprio; Madame Vauquer, a hospedeira para quem a sua miserável pensão está acima de tudo, e finalmente Goriot, um pobre homemque levado pelo seu louco amor às filhas tudo lhes sacrifica até aos seus derradeiros momentos de vida, sem nada receber em troca, nem sequer a presença reconfortante daquelas por quem chama em vão na sua agonia.
Ridicularizado pelos comensais da pensão de Madame Vauquer, onde vive miserávelmente espoliado pelasa filhas casadas na alta sociedade, que dele se envergonham, o Tio Goriot não é apenas o símbolo de uma época, é um dramático exemplo de todos os tempos."
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É um livro muito interessante que retrata a miséria humana e quais as suas causas.
Tenho que confessar que me ao ler este livro invadiu-me uma grande tristeza por ver tão claramente exposta a realidade de muitos idosos.
É de uma leitura muito fácil e acessível. Nada daqueles coloquialismos da época que tantas vezes encontramos nas obras ditas 'clássicas'.
Apesar de o fim ser aquele há muito anunciado na sinopse é um livro muito bonito e rico em situações e sentimentos.
(20 de Agosto de 2007)

domingo

"O que é que têm em comum a física quântica, a máfia russa, o cálculo das probabilidades, a teoria da relatividade, o póquer, a epilepsia e a espionagem?
Um teorema matemático! A estranha viagem de um homem muito para além dos limites do possível.
David Caine é epiléptico, mas com uma extraordinária capacidade para a matemática e para o cálculo mental, e passa todas as noites a jogar póquer. Mas Caine é um homem atreito a ataques epilépticos incapacitantes e, certa noite, comete um dispendioso erro de cálculo, sofrendo a convulsão mais grave que alguma vez tivera. E perde o controlo da sua vida.

Desesperado por recuperar o equilíbrio, concorda em participar nos testes de uma droga experimental com enervantes efeitos secundários. Subitamente tem visões do passado, do presente e do futuro; ou está a vislumbrar uma realidade alternativa, ou está à beira do precipício de um colapso psicótico. A química e o destino conluiaram-se para conceder a David Caine a espantosa capacidade de prever as consequências das suas acções e as probabilidades dos vários resultados; tanto dos bons como dos terríveis.
Mas com este "dom" vem um grave perigo, pois ele não é o único a conhecer o seu segredo. Poderes assustadores que operam na sombra, querem controlá-lo, forçando Caine a procurar a ajuda da mais improvável das aliadas - uma bela agente renegada da CIA, especializada nas artes da morte - numa corrida desesperada pela sobrevivência, com a sanidade segura pelo mais frágil dos fios.
Improvável é uma emocionante amálgama de acção explosiva, voltas e reviravoltas engenhosas, personagens dinâmicas, escrita entusiasmante e deduções brilhantes."
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Apesar de adorar matemática e o cálculo de probabilidades não achei que aqueles pormenores matemáticos ao início me ajudassem a 'entrar' na história e contribuíssem muito para o enredo, mas soube bem recordar certos cálculos.
Para ser sincera comecei a gostar muito mais da história a partir da página 158. A partir do momento em que a "experiência" do Dr. Tversky começa a encaminhar para algo que ele não esperava...
Para mim, foi a partir daqui que este livro verdadeiramente começou a 'aquecer' e comecei a ler bastante mais rápido tal era o meu entusiasmo.
Mesmo assim acho que este livro não é de todo dos melhores thrillers que já li. Na minha opinião, o carácter improvável de algumas partes do enredo diminui um pouco a qualidade deste livro.
(19 de Agosto de2007)

sexta-feira

"Unanimemente considerado um dos mestres actuais do policial, Ken Follett tem a capacidade única de, a cada novo romance, reinventar o próprio thriller injectando-lhe novas e sempre elevadas doses de originalidade, de suspense e de uma inquebrantável impetuosidade literária.
Em "A Ameaça" somos fustigados pelos ventos gélidos do Norte da Escócia em plena véspera de Natal, e pelos inquietantes golpes narrativos de um enredo tempestuoso e surpreendente.
Um poderoso agente antiviral desaparece misteriosamente das instalações da Oxenford Medical, uma empresa farmacêutica que está a desenvolver um antivírus para uma das mais perigosas variedades do Ébola.
Quem o poderá ter roubado? E com que obscuras intenções? Toni Gallo, responsável pela segurança da empresa, está profundamente consciente do valor incalculável daquela fórmula secreta... e da terrível ameaça que o seu desaparecimento pode significar.
Tem então início uma vertiginosa corrida contra o tempo, mas o que Toni, Stanley Oxenford, o director da empresa, e a própria polícia vão encontrar pela frente é um pesadelo capaz de ultrapassar os seus piores receios… Traições, violência, heroísmo e paixão num thriller absolutamente brilhante."
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Do início e até à página 196 (mais de metade do livro) a leitura foi um pouco lenta e muito irritante por causa dos inúmeros erros sintácticos que a tradução tem. Especialmente um erro sintáctico que se repetiu muitas vezes: a substituição de vírgulas por um travessão.
Exemplo: (Excerto da página 195) "(...) Tinha ficado horrorizado ao ver Daisy agredir Susan. Mas isto era mil vezes pior - e Kit não podia fazer nada."
Além de um ou outro erro de tradução, por exemplo: (Excerto da página 127) "(...) As massagens levar-lhe-iam as mágoas; o suor na sauna libertá-la-ia das toxinas; pintaria as unhas, cortaria o cabelo e arranjaria as pestanas."
Ultrapassando todos estes erros de natureza diversa, tenho a dizer que este é um bom triller com muita acção e suspense! A história está muito bem desenvolvida pois somos facilmente absorvidos pela espiral de tensão, acção, suspense e constantes viravoltas finais. Um livro muito bom mas que perde bastante com este mau trabalho da editora portuguesa. É uma pena!
(9 de Agosto de 2007)

domingo


Este pequeno livro contém duas histórias. Duas excelentes histórias!
Quanto à primeira:
"Nova Iorque, meados do século XX.
Há algo de comum na misteriosa sucessão de mortes que está a acontecer: todos os cadáveres têm uma tatuagem idêntica, num dos pulsos. Nos jornais fala-se de uma associação criminosa, uma Mafia Assassina, que continua os seus crimes impunemente...
O chefe dos assassinos dava-lhes ordens sem nunca se deixar ver. Eles não o conheciam. Sabiam apenas que a traição de pagava com a vida..."
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Esta primeira história tende mais para o policial tradicional.
Envolve a criação de uma poderosa organização criminosa, chamada a "Mafia Assassina", cujo chefe é totalmente desconhecido a todos embora esteja sempre informado de tudo o que se passa, dentro e fora do mundo da Lei e da Justiça. Com excelentes infiltrados esta organização rapidamente espalha os seus tentáculos, dominando o mundo do crime.
Mas alguém tem planos diferentes para esta organização... planos infernais. E não se deixará deter por nada nem ninguém até atingir os seus objectivos, até às últimas consequências, até mesmo à morte...
Um final verdadeiramente surpreendente com uma viravolta completa de 180º!
Quanto à segunda história:
Esta é mais um mistério/thriller à Agatha Christie, cujo título é "A escola da Abadessa". Mas que achei muito, muito bom.
Um detective é contactado para investigar um estranho rapto, o rapto do único filho do duque de Holdernesse.
O jovem, de 10 anos, desapareceu de um segundo andar sem qualquer pista. Mas na mesma noite desapareceu outra pessoa, uma pessoa altamente respeitada na escola e acima de qualquer suspeita, o professor de alemão, o senhor Heiddegger.
Um mistério com um final absolutamente surpreendente que nenhum leitor o descobrirá sem ler a história até ao fim.
(3 de Agosto de 2007)