Augusto Abelaira publicou o seu primeiro romance em 1959, aos 33 anos. Hoje, decorrido quase meio século, "A Cidade das Flores" continua a ser reeditada sem nada perder da enorme força da sua mensagem.
Embora para poder escapar à censura salazarista o autor tenha situado a acção em Florença, num sistema político datado - a Itália dos anos 30.
Escrita num registo muito próximo do teatro, ou até do cinema, a sua construção é admiravelmente moderna. O enredo encena as vidas de um grupo de jovens que luta pelos seus ideais e se debate com as inevitáveis contradições entre os seus impulsos juvenis e as limitações impostas pelo governo de Mussolini. A tomada de consciência de cada um dos protagonistas é, assim, delicada, pura e heróica, como só nessa idade é possível, por vezes com uma carga verdadeiramente trágica, mas nunca deixando de irradiar o esplendor renascentista da cidade onde vivem.
O amor, a arte, a amizade, o valor da intervenção, da luta política, a solidariedade são temas que atravessam todo este romance.
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Sabem quando estão a ler alguma passagem de um livro e entendem perfeitamente aquilo que o autor quis dizer?
Quando conseguem assimilar toda a grandeza das suas palavras?
Pois isto aconteceu comigo num diálogo entre duas personagens femininas (páginas 68 a 70).
(1 de Maio de 2007)
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