quinta-feira

O homem que se dedica a tirar dúvidas numa esquina ou aquele que vende corações são apenas duas das várias personagens interessantes e peculiares que podemos conhecer em "E se amanhã o medo".
Com este livro, incluído na colecção Outras Margens da Editorial Caminho, o jovem escritor Ondjaki regressa ao conto, género literário que já não publicava desde 2001, ano em que foi publicada a obra 'Momentos de aqui'.
São vinte os pequenos contos que constituem o livro, galardoado em 2004 com os prémios literários Sagrada Esperança e António Paulouro, e encontram-se agrupados em duas partes, às quais Ondjaki chamou 'Horas Tranquilas' e 'Conchas Escuras', expressões retiradas do romance de 1975 'Lavoura Arcaica', de Raduan Nassar.
Conto a conto, o escritor Angolano envolve-nos num imaginário africano de uma certa magia romântica muito ligada à terra e à natureza, de uma simplicidade só conhecida em obras de alguns outros autores africanos.
O escritor de apenas 28 anos, nascido em Luanda e que se licenciou em Sociologia em Lisboa, alia ao imaginário africano uma série de outras influências.
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É um livro pequenino de um autor que eu desconhecia a obra mas que achei os seus contos simplesmente deliciosos!
Gostei particularmente dos seguintes contos:
- Jangada para Longe
- Coração de porco
- A confissão do acendedor de candeeiros. (Este foi sem dúvida o meu favorito!)
- Na encruzilhada (simplesmente hilariante ;-) )
- A velha
- A filha da sogra (Dei algumas gargalhadas com este conto. Excerto: "(...) deviam atribuir-lhe um prémio. A sogra-boeing. A sogra-space-shuttle. Um prémio, sim: o Nobel da pseudo-aviação.")
(28 de Julho de 2007)

A recordação que mais a assombra é a do dia em que a árvore do quintal foi cortada, era ainda criança, de como foi brutalmente dilacerada, como as suas raízes, teimando não deixar a terra, foram arrancadas como se de um troféu se tratassem. Anos decorridos, numa alma em que habita ressentimento, em que a dor é uma condição para se sentir viva, tudo se despedaçou na vida da protagonista como a árvore cortada da sua infância, e é por sentir que também algo lhe falta, lhe foi truncado, que ela decide partir por um caminho de perguntas, em busca de si própria através dos trilhos sinuosos da história da sua família, aquela que é também a sua história. Ao longo das páginas deste livro que ressuscita as personagens do bestseller Vai Aonde Te Leva o Coração, diversas gerações entrelaçam-se como os ramos da árvore, e a voz que se faz escutar, tacteando ao longo do tronco, em busca das raízes que a abraçam e estrangulam, vai descobrir que a sua demanda é acima de tudo coroada pelo afecto a seiva unificadora, que obrigará a árvore a voltar-se para a luz independentemente dos obstáculos...
Excertos:
"Não há mistério maior do que o minúsculo. É aí, sob a protecção do invisível, que se dá a explosão do secreto. Uma pedra, antes de ser uma pedra, é sempre uma pedra, mas uma árvore, antes de ser uma árvore é uma semente; o homem, antes de ser um homem, é uma mórula.
É no limite, na circunscrição que, dormitamos maiores projectos; o que separa o dentro do fora possibilita a evolução.
Por isso, percebi logo que era preciso cuidar do que é pequeno." (página 8/9)
"Uma rosa atrai o olhar, o olfacto, mas depois corta-se, acaba num vaso e, a seguir, no lixo. A árvore amada, pelo contrário, cria raízes à volta do nosso próprio coração, e quando ela morre, as raízes secam e caem, dexando em sua memória cicatrizes minúsculas mas indeléveis." (página 10)
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Definitivamente não consigo adorar um livro desta autora! Não sei porquê! :-(
Acho que ela, neste livro, melhorou muito a sua escrita e tem pensamentos e frases escritas que são muito boas mas o livro no seu todo não me agradou a 100%
Este livro encontra-se dividido em três partes principais.
A primeira parte, que não tem denominação específica, e foi, para mim, a mais difícil. Não foi difícil de ler, mas sim de gostar. Lembrava-me demasiado da primeira obra que li desta autora - "Vai aonde te leva o coração" - e só pensava que isto era apenas uma repetição do outro livro.
A segunda parte, chamada "Genealogias", foi, para mim, a mais agradável de ler, e aque me espevitou a curiosidade de ler o resto do livro. É a parte da história em que a personagem principal lê os diários da mãe, à muito falecida, e encontra uma pessoa que para ela sempre foi uma incógnita, uma variável imprevisível na sua vida... o seu pai.
A terceira e última parte é chamada de raízes.
Conta a viagem da personagem principal até Haifa e a sua busca pelo único familiar ainda vivo que poderia lançar algum entendimento no passado familiar. Passado familiar este que foi, para a personagem familiar, sempre constituído de conflitos, confusões sentimentais e não só, e, de incompreensão.
No geral sinto que havia muita coisa mais a explicar, muitos acontecimentos não relatados, muitos sentimentos declarados mas não esmiuçados.
Não sei... sinto que esta foi, para mim, uma leitura incompleta. Queria mais... muito mais!
(27 de Julho de 2007)

domingo

"«'Seria uma pena', pensou 'se o ganso se fosse embora. Seria uma grande perda para o pai e para a mãe se tivesse partido quando chegassem da igreja.'
Ao pensar isto, mais uma vez se esqueceu totalmente de como era pequeno e impotente. Deu um salto para o meio do bando de patos e pôs os braços à volta do pescoço do ganso.
- Oh não! Desta vez não vais! - gritou.
Mas nesse mesmo instante o ganso descobrira o que devia fazer para se erguer do solo. Não conseguiu libertar-se do rapaz e, por isso, Nils voou com ele.»

Assim começou a espantosa viagem de Nils Holgersson através da Suécia. Nesta história encantadora da escritora sueca Selma Lagerlöf (Prémio Nobel em 1909) está presente o mesmo toque mágico que nos comove em 'O Pricipezinho' e o maravilhoso das fábulas de La Fontaine.
Nils Holgersson, transformado em gnomo, parte para a aventura nas costas de um ganso. Com ele, partimos também nós para uma viagem pelas melhores recordações da infância."

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Num registo claramente de fábula e encantamento, a autora levou-me numa viagem pela Suécia da sua infância. Absolutamente maravilhosas são as suas descrições, quer de zonas e localidades, quer de usos e costumes.
Será dizer pouco que fiquei com MUITA pena de não ter lido este livro quando tinha 9 a 14 anos! Com toda a certeza que me teria enriquecido muito!
Selma Lagerlöf... um nome a reter, a ler e reler!
(24 de Junho de 2007)

quarta-feira

"With her evocative bestsellers The Shell Seekers and Coming Home, Rosamunde Pilcher opened your heart to the extraordinary powers of love, heartbreak, and joy. Now she invites you to share the full spectrum of life's moods and emotions through her very first collection of stories. From a child's first knowledge of death, through city and country, to an elderly woman's newfound freedom, The Blue Bedroom is a welcoming experience full of the honesty and warmth unique to Rosamunde Pilcher."
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This is a series of short-stories by Rosamunde Pilcher.
This stories are all about feelings and real life situations, that's why I think I liked so much!
The short stories that make this book are:
1- Toby
2- Home for the day
3- Spanish Ladies
4- Miss Cameron at Christmas
5- Tea with the Professor
6- Amita
7- The Blue Bedroom
8- Gilbert
9- The Before-Christmas Present
10- The White Birds
11- The tree
12- The House on the Hill
13- An evening to remember.
My favourite ones were stories number 1,2, 4 and 6.
(12 de Junho de 2007)

sexta-feira


TITLE: Uma Antologia de Contos
EDITION: Portugal Telecom, Lisboa, 2000; 304 p., paperback
ISBN: 9729806713
Colectânea de textos com destaque para os autores: Augustina Bessa-Luís, Alice Vieira, Carlos Quevedo, Daniel Tércio, Francisco d´Orey, Gina Sacramento, Helena Sacadura Cabral, João Barreiros, João Miguel Fernandes Jorge, Júlia Pinheiro, Laurinda Alves, Luís Filipe Silva, Manuel João Ramos, Maria Manuel Ramos Pinto, Miguel Esteves Cardoso, Miguel Vale de Almeida, Rui Henriques Coimbra, Rui Zink, Sérgio Coimbra, Vicente Maria / Maria Vicente.
São vinte e um contos reunidos numa publicação da Portugal Telecom comemorativa do Ano Nacional do Livro e da Literatura (2000) de autores contemporâneos portugueses.
Gostei particularmente destes contos:
- "Dominga" de Agustina Bessa Luís,
- "Mistérios de Natal" de Alice Vieira.
Mas devo dizer que o meu preferido foi "O trabalho de casa" de Rui Zink. Simplesmente hilariante e muito irónico.
(1 de Junho de 2007)