quinta-feira


A recordação que mais a assombra é a do dia em que a árvore do quintal foi cortada, era ainda criança, de como foi brutalmente dilacerada, como as suas raízes, teimando não deixar a terra, foram arrancadas como se de um troféu se tratassem. Anos decorridos, numa alma em que habita ressentimento, em que a dor é uma condição para se sentir viva, tudo se despedaçou na vida da protagonista como a árvore cortada da sua infância, e é por sentir que também algo lhe falta, lhe foi truncado, que ela decide partir por um caminho de perguntas, em busca de si própria através dos trilhos sinuosos da história da sua família, aquela que é também a sua história. Ao longo das páginas deste livro que ressuscita as personagens do bestseller Vai Aonde Te Leva o Coração, diversas gerações entrelaçam-se como os ramos da árvore, e a voz que se faz escutar, tacteando ao longo do tronco, em busca das raízes que a abraçam e estrangulam, vai descobrir que a sua demanda é acima de tudo coroada pelo afecto a seiva unificadora, que obrigará a árvore a voltar-se para a luz independentemente dos obstáculos...
Excertos:
"Não há mistério maior do que o minúsculo. É aí, sob a protecção do invisível, que se dá a explosão do secreto. Uma pedra, antes de ser uma pedra, é sempre uma pedra, mas uma árvore, antes de ser uma árvore é uma semente; o homem, antes de ser um homem, é uma mórula.
É no limite, na circunscrição que, dormitamos maiores projectos; o que separa o dentro do fora possibilita a evolução.
Por isso, percebi logo que era preciso cuidar do que é pequeno." (página 8/9)
"Uma rosa atrai o olhar, o olfacto, mas depois corta-se, acaba num vaso e, a seguir, no lixo. A árvore amada, pelo contrário, cria raízes à volta do nosso próprio coração, e quando ela morre, as raízes secam e caem, dexando em sua memória cicatrizes minúsculas mas indeléveis." (página 10)
------------------------******-------------------------
Definitivamente não consigo adorar um livro desta autora! Não sei porquê! :-(
Acho que ela, neste livro, melhorou muito a sua escrita e tem pensamentos e frases escritas que são muito boas mas o livro no seu todo não me agradou a 100%
Este livro encontra-se dividido em três partes principais.
A primeira parte, que não tem denominação específica, e foi, para mim, a mais difícil. Não foi difícil de ler, mas sim de gostar. Lembrava-me demasiado da primeira obra que li desta autora - "Vai aonde te leva o coração" - e só pensava que isto era apenas uma repetição do outro livro.
A segunda parte, chamada "Genealogias", foi, para mim, a mais agradável de ler, e aque me espevitou a curiosidade de ler o resto do livro. É a parte da história em que a personagem principal lê os diários da mãe, à muito falecida, e encontra uma pessoa que para ela sempre foi uma incógnita, uma variável imprevisível na sua vida... o seu pai.
A terceira e última parte é chamada de raízes.
Conta a viagem da personagem principal até Haifa e a sua busca pelo único familiar ainda vivo que poderia lançar algum entendimento no passado familiar. Passado familiar este que foi, para a personagem familiar, sempre constituído de conflitos, confusões sentimentais e não só, e, de incompreensão.
No geral sinto que havia muita coisa mais a explicar, muitos acontecimentos não relatados, muitos sentimentos declarados mas não esmiuçados.
Não sei... sinto que esta foi, para mim, uma leitura incompleta. Queria mais... muito mais!
(27 de Julho de 2007)

Sem comentários: