terça-feira


'Não há dúvida que ler Ruth Rendell é um acto sempre cheio de surpresas. "A Mulher com Véu", romance em que através do inspector Wexford a autora faz passar múltiplos fios que se cruzam, é mais uma vez uma história ao mesmo tempo sombria, emocionante e certeira, que se lê apaixonadamente.
De Ruth Rendell a Caminho de Bolso já publicou os notáveis livros que são "A árvore das Mãos", "Um Bando de Corvos", "Carne Eléctrica" e "Boneca Assassina".'
"(...) podia ter morto sem motivação, ou sem o género de motivação que seria compreensível para um homem racional. Por exemplo, supondo que não encontrara um cadáver e julgara que era o da sua mãe, mas sim que vira uma mulher que lhe lembrara a mãe nos seus piores aspectos e por essa razão matara."
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Gwen Robson, a vítima, tratava-se de uma mulherzinha sem escrúpulos, interesseira e chantagista. Tendo por isso, supostamente, muitos inimigos- quase toda a população!
Após um normal dia da semana em que Gwen se dirigira ao centro comercial, esta aparece brutalmente assassinada no parque de estacionamento do mesmo, estando o seu corpo oculto por uma mortalha suja de veludo castanho. Mas afinal quem era a mulher jovem 'bem vestida' que tinha sido vista a falar com a vítima momentos antes de ter sido assassinada?
A investigar este estranho caso estão os detectives Burden e Wexford. Mas logo no início da investigação Wexford torna-se uma vítima de uma bomba que estava no carro da sua filha. Apesar de escapar com vida, mas com bastantes ferimentos, é Wexford que no fim desvenda toda a motivação deste horrendo crime e o verdadeiro assassino.
Por seu lado, o detective Burden considera como principal suspeito um homem que foi visto a fugir apressadamente do local do assassínio (Clifford Sanders). Clifford é um homem adulto mas que se veste e que se comporta como um adolescente da década de 50. Clifford tem uma mãe demasiado protectora (ao nível da asfixia), a qual tem, além de um passado muito mal explicado, muito mais a esconder e proteger do que o que demonstra inicialmente. Uma relação mãe-filho completamente anormal, em que a mãe não ama o seu filho e este apenas odeia profundamente a sua mãe.
Excerto:
"Tinham estado a sair peões, esporadicamente, desde que Archie ali se sentara às quatro horas. A sua respiração embaciara o vidro e ele limpou-o com a manga do casaco, afastando o braço a tempo de ver alguém sair pelos portões a correr. Era um homem novo- um rapaz para ele-, de mãos vazias, correndo como se todos os demónios do Inferno fossem atrás de si.
(...) a mulher reapareceu, caminhando agora de um modo sorrateiro e decidido de um gato rumo à presa.
Quando chegou aos portões, agarrou-os (...) parecia só agora ter tomado consciência de que o cadeado estava fechado e ela não tinha a chave para o abrir, e começou a sacudir os portões. Os seus olhos não estavam postos nele, mas sim na cabine telefónica, que se encontrava apenas a alguns metros de distância, mas arreliadoramente, do lado de fora dos portões.
(...) -Tenho de telefonar à polícia! Está ali uma pessoa morta. tenho de telefonar à polícia... está ali uma mulher a quem tentaram cortar a cabeça!"
(15 de Maio de 2007)

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