domingo

Manaka e Hiroshi conhecem-se desde pequenos. Cresceram juntos, tornaram-se cúmplices, confidentes e casam-se ainda muito jovens. O seu amor foi construído sobre um passado em comum, mas as suas personalidades são muito diferentes. Manaka é serena e vive o seu jardim de forma profunda e meditativa, enquanto Hiroshi continua assombrado por traumas familiares. Hiroshi sofre a perda do avô e o casal decide então partir numa segunda lua-de-mel para a Austrália, uma viagem que lhes vai reservar surpresas, reencontros inesperados e a forte magia dos pequenos nadas. Banana Yoshimoto envolve o leitor no romance de dois jovens cujo amor e inocência vai chocar com as mais torpes manifestações do género humano.

Sobre a autora:
Yoshimoto Mahoko nasceu em 1964, filha de Yoshimoto Takaaki, aka Ryumei, provavelmente o filósofo e crítico mais importante e influente, que emergiu nos anos 60.
Além de ter um pai famoso, a sua irmã, a cartoonista Haruno Yoiko, é também uma figura pública.
Yoshimoto cresceu numa família liberal, de esquerda e com significativamente mais liberdade que uma típica jovem japonesa. Ainda durante o liceu, Yoshimoto foi viver com o namorado.
Depois de terminar a licenciatura no departamento de Literatura, do Nihon University's Art College, Mahoko adopta, deliberadamente, o pseudónimo andrógino Banana e começa a escrever de forma convicta. Escreve os seus primeiros livros enquanto trabalhava como empregada de balcão em Tóquio.
Uma das maiores influências na sua escrita, tanto em estilo como conteúdo, é o trabalho de Stephen King (particularmente nas histórias que não são de terror), do qual é admiradora. Mais tarde procurou inspiração também em Truman Capote e Isaac Bashevis Singer.

Excerto:
"Um processo de cura é bonita de se ver. Assemelha-se à mudança das estações. As estações nunca mudam para melhor. Simplesmente, seguindo um curso natural, as folhas caem e voltam a crescer, o céu fica mais azul e mais profundo. Do mesmo modo, podemos estar muito mal a ponto de pensar que é o fim do mundo, mas quando esta condição começa a mudar gradualmente, sem que tenha acontecido algo de particularmente bom, sentimos uma força enorme.
(...) O sofrimento, seguindo o mesmo percurso que fez ao vir, desaparece com indiferença.
O caminho de Hiroshi, desde que o avô começara a adoecer até agora, parecia-se muito com isso."
Retirado das páginas 93 e 94

A minha opinião:

Este livro retrata uma bela história de amor entre dois jovens que foram criados juntos - Manaka e Kiroshi.
Enquanto que Manaka sempre foi amada e protegida pelo pai e pela madrasta (com os quais vive) e ainda pela sua mãe (que vive em Brisbane, Austrália) Hiroshi provém de um meio familiar complexo. Foi abandonado pelos pais (que foram para a América atrás do culto de uma seita religiosa)e criado por um avô cuja saúde débil fez com que Hiroshi se sentisse permanentemente em pânico perante a hipótese de não estar com o avô quando este viesse a falecer.
Este constante peso sobre os seus ombros fez com que Hiroshi se tornasse num jovem tímido, reservado e assombrado por sentimentos totalmente contrários aos sentidos durante a chamada idade da inocência.
Pelas páginas deste livro assistimos à temida morte do avô de Hiroshi e toda a mutação psicológica que este passa, e para isto irá contribuir e muito uma viagem até à Austrália.
É com esta viagem que Manaka descobre a verdadeira razão da separação dos seus pais, um segredo à muito ocultado e que surge como uma surpresa. E é ainda com esta viagem que Hiroshi revela a totalidade dos horrores que o assombram, libertando-se de vez de todos estes negros segredos.
É esta viagem que fará com que dois atravessem por um processo de confissão e libertação sentimental o que os unirá definitivamente com um casal preenchido de amor. Esta viagem é então uma verdadeira LUA DE MEL...
Escusado será dizer que gostei muito de ler este livro!
(30 de Setembro de 2007)

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