domingo


Sinopse:
Uma obra-prima do gótico sexual, esta é a história de Andrew Halfnight, cuja vida, parte sonho, parte pesadelo, começa com uma escolha trágica feita por uma mãe e acaba num abraço de amantes. Pelo meio, atravessa tempestades no mar, na terra e na mente; parentes que matam por amor e amantes que sacrificam os seus corpos; enquanto isso, Halfnight vai chegando cada vez mais perto do seu mistério e do mistério de toda a existência.
O livro remete-nos, afinal, para o enorme medo e fascínio que as mulheres inspiram ao personagem desta obra. São como sonhos invisíveis, como fadas ou soldados, como casas onde à noite recolhemos para descansar. E atrás delas escondem-se sempre os seus desígnios, os seus afectos e perversões.
O autor tem o dom de contar histórias, e mais do que isso, tem um óbvio prazer em fazê-lo. O primeiro toque de clarim contra o monstruoso regimento das mulheres, apesar de ser uma narrativa única está semeada de pequenas fábulas e parábolas que envolvem o protagonista e os que o rodeiam e que tornam o livro irresistível. Os cenários são fulgurantes e bem se pode dizer que Eric McCormack nos deixa presos ao terror que há-de vir e à bizarria dos próximos acontecimentos. O convite é para sentar, abrir o livro e descer ao pântano das memórias.

Excertos:

"- É uma coisa que não tem fim - disse ele. - Descobri isso muito cedo. Estamos rodeados por um oceano de livros. Podes andar de porto em porto sem nunca lançar âncora à mesma terra."
Retirado da página 58

"- Todos os livros são livros úteis - dise ele, olhando à volta do camarote. - No meu modesto entendimento, nenhum livro merece ser lido se não prestar qualquer tipo de informação ao leitor, nem tiver qualquer uso prático."
Retirado da página 60

"(...) Tentava não considerar as consequências de tudo aquilo: a única pessoa nesta ilha negra e remota que parecia preocupar-se comigo era um monstro. Mais uma vez, tinha a sensação terrível de que a minha vida estava desmoronar-se."
Retirado da página 96

A minha opinião:

A sinopse deste livro vai afastar muitos leitores que iriam adorar ler este livro, como eu adorei. Qualquer pessoa que goste de um bom romance tem de ler esta maravilha! Já há muito tempo que um livro não me surpreendia tão positivamente!
Penso que o seguinte excerto, retirado da página 220, traduz a maioria do enredo:
"As palavras saíam-me como brasas quentes que eu cuspia tão depressa como podia. Falei sem parar. Fui direito ao princípio da minha vida e falei-lhe do meu nascimento e da morte da minha irmã, da morte do meu pai, dos momentos finais da doença da minha mãe; falei-lhe sobre a minha viagem para St. Jude a bordo do Cumnock e da minha amizade com Harry Greene; contei-lhe sobre St. Judee sobre o assassínio do meu tio Norman perpretado pela tia Lizzie; falei-lhe sobre a minha estada na Casa da Misericórdia e de como tinha vindo viver para o Canadá; falei-lhe sobre os meus anos de tranquilidade, depois sobre os pesadelos que me levaram a ir à mansão particular, sobre o meu caso com Amber Tristesse; falei-lhe sobre a luta travada com o corpúsculo, sobre a minha viagem até ao motel nas montanhas; falei-lhe sobre a minha experiência com aquela mulher; disse-lhe que tinha sido a experiência mais maravilhosa pela qual alguma vez tinha passado.
Mas quando cheguei ao episódio do meu acidente, disse que não conseguia lembrar-me de nada."
Desta história maravilhosa só falta contar que um antigo amor reaparece quando já tudo parecia acabado dando um novo fôlego ao nosso Andrew. É este amor que o vai reconfortar e libertar de todos os pesadelos, fantasmas e traumas do passado, fazendo com que ele faça as pazes com a pessoa que se tornou. É também através deste novo amor que Andrew Halfnight nos reserva a nós, leitores, uma última e inesperada surpresa.
Gostei muito deste livro! A recomendar!
14 de Outubro de 2007

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