segunda-feira

"Quando Dorothy triunfou sobre a Bruxa Má do Oeste no clássico O Feiticeiro de Oz, de L. Frank Baum, apenas conhecemos a sua versão da história. Mas, afinal, quem era esta misteriosa Bruxa? De onde veio? Como se tornou tão malvada? E qual é, então, a natureza do mal?
A Bruxa de Oz conta a história de Elphaba, uma menina de pele verde, insegura, rejeitada tanto pela mãe como pelo pai, um pastor reaccionário. Na escola ela também é desprezada pela sua colega de quarto Glinda, a Fada Boa do Norte, que só quer saber de coisas fúteis: dinheiro, roupas, jóias. Neste contexto ela descobre que vive num regime opressor, corrupto e responsável pela ruína económica do povo. Elphaba decide, então, lutar contra este poder totalitário, tornando-se na Bruxa Má do Oeste, uma criatura inteligente, susceptível e incompreendida que desafia todas as noções preconcebidas sobre a natureza do bem e do mal.
Gregory Maguire cria um mundo de fantasia tão fértil e vívido que Oz nunca mais será o mesmo."
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Lembro-me de ter visto este livro numa livraria, de o pegar e depois de o esfolhear pensar que este livro não era lá grande coisa... Engano!
Regra geral não gosto de ler histórias 'recicladas', parece-me sempre que a história original é sempre melhor. Mas neste caso tenho que admitir que me enganei! O autor aumentou o mundo maravilhoso de Oz e criou personagens e momentos memoráveis.
Um livro que possui tudo! Mas mesmo tudo! Desde paixão, horror, violações, traições, conspirações quer políticas quer sociais, amor, carinho, humor, ironias e sarcasmos, crimes, assassínios, mistérios...
Vamos acompanhando a vida de Elphaba, ou Elphie, ou Fae, ou Fabala desde o seu nascimento turbulento até à sua morte igualmente turbulenta. (Neste ponto acho que se assemelha bastante à saga do Harry Potter). Uma vida repleta de muitos momentos de solidão e tristeza e apenas pontuada por felicidade e amor. Vi-me a torcer por Elphie e a esperar que ela finalmente encontrasse paz e amor. Vi-me a torcer pela Bruxa Má do Oeste!
Talvez por isso a maior desilusão deste livro tenha sido o seu fim. Um fim previsível e que toda a gente conhece. Queria o ' e viveu feliz para sempre'. Mas não aconteceu!
Excerto (página 156):
"Uma tarde, Boq deixou o seu olhar vaguear até ao códice que estava a limpar. Normalmente prestava pouca atenção ao que estava ao tema dos livros, mas os seus olhos foram atraídos pela tinta vermelha brilhante aplicada na ilustração. Era uma imagem - talvez com quatrocentos anos ou quinhentos anos - de uma Bruxa Cúmbrica. (...) A Bruxa encontrava-se de pé num istmo que ligava duas terras rochosas e de cada um dos seus lados estendiam-se fragmentos de mar azul cerúleo (...). A Bruxa segurava na mão um animal de espécie irreconhecível, embora estivesse claramente afogado ou quase afogado. Segurava-o num braço que, ignorando a flexibilidade esquelética, rodeava carinhosamente o pêlo molhado e espetado do animal. Com a outra mão desnudava um seio, oferecendo de mamar à criatura. A sua expressão era difícil de interpretar (...) Parecia quase maternal, com uma criança infeliz. O seu olhar estava voltado para dentro, ou triste, ou qualquer coisa. Mas os pés não condiziam com a expressão, pois estavam plantados na faixa estreita com um agarrar preênsil, visível até através dos sapatos prateados, cujo brilho valioso despertara primeiro a atenção de Boq. (...) O vestido era de um azul-escuro esfumado. Ele calculou pelos tons brilhantes da obra que o documento não era aberto há séculos."
(29 de Julho de 2007)

quinta-feira

"O livro conta a história de Teodorico Raposo, narrador e personagem principal, nas suas desventuras por entre os caminhos afortunados da franja da burguesia altamente religiosa de Lisboa: a orfandade, muito cedo na vida; o ir viver com a tia Patrocínio, irmã da falecida mãe; os estudos das leis em Coimbra; a volta à capital, já doutor.
G. Godinho, seu avô, tinha deixado extensa fortuna – da qual apenas a titi e ele próprio seriam legítimos herdeiros – e Teodorico dedica a sua existência a fazer crer a seca velha, acérrima beata, enojada das coisas da carne, das «relaxações», casta, e santa, no seu entender, que era merecedor dos contos do comendador – materializados, ao longo das páginas, na bolsa verde da titi.
O romance ganha seus contornos mais largos quando, na casa do Campo de Santana, onde moravam, sempre cheia de visitas da Magistratura e do Clero, Teodorico consegue convencer a titi a deixá-lo fazer uma viagem a Jerusalém – já que Paris, essa terra de relaxações, primeira vontade de Teodorico, não era opção para a lúgubre senhora. É nessa jornada que conhece Topsius, um doutor germânico da História, e ao passar pelo Egipto, até à Palestina, se dá às relaxações que, a serem descobertas pela titi, poder-lhe-ão sair caras. A sua função era trazer todo o tipo de coisas santas, de religião, da terra do Senhor, e trazer a cura para todos os males da titi – uma relíquia inigualável. Teodorico decide fazer isso mesmo – com alguns desvios à norma imposta – e voltar a Lisboa para esperar a morte da velha e os contos do avô – que se poderiam perder para a Igreja, se a sua conduta fosse descoberta."
In rascunho.net

"Da intriga central - a viagem do Teodorico à Terra Santa, de onde traz, não a relíquia que prometera à tia beata, mas sim, por lapso, a camisa de dormir de uma amante - sobressai o sonho ou a viagem no tempo do protagonista, que, acompanhado pelo seu erudito amigo Dr.Topsius, assiste à pregação, julgamento e morte de Jesus.A obra, que exalta a figura humana de Cristo, como paradigma de amor e de bondade, foi considerada herética pelos sectores mais conservadores, por questionar a divindade de Cristo."
In webboom

(25 de Julho de 2007)
Caminhando em círculos...
É assim que me sinto depois de ler este livro. Sinto que andei em círculos que se intersectam, transformando-se numa bela e misteriosa espiral. Uma espiral que nos vai arrastando através das páginas.

Logo de início somos apresentados às personagens, mas o que se passou com elas, e mais importante, entre elas, isso só no final é que sabemos.
O que impressiona neste livro é que cada personagem (Ernst, Mylia, Theodor, Hanna, Hinnerk e Kaas) tem o seu próprio mundo, o seu próprio círculo já de si bastante complicados! Mas quando esses círculos se intersectam provocam consequências desastrosas - dor, sofrimento, doença mortal, traição, assassinato, desilusões...
Não é de todo sem querer que os capítulos são denominados conforme as personagens que nele vão aparecer. Ao olhar para o capítulo já sabemos quais os 'círculos' que se vão intersectar.
(25/07/2007)

domingo

Esta pequena história de Kawabata (primeiro escritor japonês a receber o Prémio Nobel da Literatura em 1968) transporta o leitor para um universo imaginário de extrema beleza, quase erótico. Através dos olhos de um velho, que vai visitar uma casa "secreta", conhecemos um ambiente de luxo, perfeição e detalhe, onde as raparigas estão a dormir. O pormenor é mesmo uma das principais características de Kawabata. O erotismo é criado através de um jogo de palavras muito caracteristico da escrita oriental. Um pequeno livro que se revela como um texto bastante interessante e de fácil leitura.
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Nas primeiras páginas lembrou-me bastante de um livro de Gabriel García Márquez, "Memória das minhas putas tristes". Mas este possui uma carga erótica mais prenunciada.
O 'velho' Eguchi é convidado a frequentar esta casa de secretismos e mistérios, mas apenas para dormir com belas jovens virgens que são submetidas a um sono profundo, impossível de despertar!
À medida que vai frequentando esta casa, Eguchi vê-se transportado pela memória a vários momentos amorosos da sua vida. Estas recordações são sempre despertadas pelas várias belas adormecidas que estão ao seu lado. Cada jovem desperta uma determinada página do passado de Eguchi.
Um belo e estranho livro...
(22 de Julho de 2007)
"A vida sem amor parece não ter sentido. Todos precisamos de amar e ser amados. Mas se o amor nos traz momentos únicos de felicidade, também nos pode fazer sofrer. Um sofrimento que se instala no coração como um hóspede indesejado. A história de Teresa, Carolina e Filipa. Três mulheres com vidas totalmente diferentes e uma atitude em comum: a busca da felicidade. Fátima Lopes é um dos rostos mais conhecidos dos portugueses. Este é o seu primeiro livro."
"Amar depois de amar-te relata a história de Carolina, Filipa e Teresa que incessantemente procuram a felicidade. Neste seu primeiro livro a autora dá-nos a conhecer as histórias ficcionadas de pessoas reais com quem se foi cruzando ao longo da vida. Um livro que nos ajuda a perspectivar a vida no seu lado mais complexo e, simultaneamente, mais apaixonante: o amor."
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Devo dizer que estava um pouco renitente a ler este livro, mas gostei! Gostei bastante da primeira história, da Filipa, uma história de maus tratos físicos e psicológicos.
Gostei de ler a segunda (da Carolina) e já não gostei assim tanto de ler a terceira e última história (da Teresa). Achei-a pouco verosímil e um pouco fantasista, ao contrário da primeira.
No global devo dizer que foi uma leitura bastante agradável, ao contrário do que pensava inicialmente. Três agradáveis histórias de percalços amorosos em que a principal lição que retirei desta leitura foi: consigo AMAR-TE com o mais profundo do meu ser, mas só depois de ME AMAR!
(20 de Julho de 2007)
"Com imenso talento, subtileza e inteligência, Gao Xingjian percorre, nestes seis inesquecíveis contos, os lugares da infância, as alegrias simples do amor e da amizade, os dramas da rua e as tragédias vividas pela China. Sorrisos e lágrimas atravessam esta leitura, que nos deixa o belo e suave sabor da emoção. A revelação de um dos maiores escritores da actualidade. Prémio Nobel de Literatura"

"A vida é uma coisa estranha. Composta por fragmentos, momentos, lembranças, pessoas conhecidas e desconhecidas, tocamo-la mas raramente a compreendemos. Mas para quê compreendê-la? Por que não observá-la e contar as suas histórias? As histórias da vida..."
Por Diego Armés dos Santos
"Este livro não tem regras. Estas histórias não têm importância. Não existem por aqui heróis. Nem anti-heróis. Este livro contém beleza. Estes são alguns dos atributos que fazem de “Uma Cana de Pesca para o meu Avô” um objecto literário peculiar."
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Acabei de ler este livro e devo dizer que foi, na minha opinião, uma leitura um pouco decepcionante.
Este é um livro de 6 contos ("O templo"; "O acidente"; "A cãibra"; "Num parque"; "Uma cana de pesca para o meu avô" e "Instantâneos"), em que dos seis gostei de apenas dois.
O primeiro que me agradou foi "O Acidente". Lembrou-me muito dos chamados 'mirones' portugueses.
Este conto só veio tristemente evidenciar que a classe social 'mirones e companhia' é um fenómeno universal!
O segundo conto que gostei foi "A cãibra". Uma história simples de sobrevivência, em que essa mesma sobrevivência se une com uma luta contra a solidão.
(15 de Julho de 2007)
Um livro que começa com o seguinte excerto:
"Saudações caninófilas! E obrigado por ter deitado as mãos a este verdadeiro pedaço de História da Humanidade. A sério. Você conhece-me: eu não sou de exageros e tenho sempre plena consciência do que digo. Se digo que este livro que segura nas suas mãos é um pedaço da História da Humanidade, é porque este é mesmo o tipo de material que pede que, no fim da leitura, você pegue numa boa pá, abra um buraco relactivamente fundo na terra, coloque lá dentro esta obra e tape o buraco. Sim, este é o tipo de material que foi feito para que, daqui a uns bons anos, arqueólogos o desenterrarem e digam:
«Uau, isto - c'um caraças, uau».
Porque é assim que, desde sempre, as coisas funcionam. Porque é que acham que as grandes obras romanas são sempre descobertas debaixo de camadas de terra? Porque depois de as fazerem, os próprios romanos disseram: «Isto é bom demais, vamos enterrar - JÁ»."
O que mais poderia eu dizer? :-D
Já agora, só queria evidenciar o texto "A Igreja Católica é fixe". estava a ver que me dava um treco de tanto me rir!
(15 de Julho de 2007)
E se a sua família fosse uma mentira?
E se o seu nome fosse uma mentira?
E se a sua vida fosse um conjunto de Belas Mentiras?
Se Ridley Jones tivesse acordado dez minutos mais tarde ou tivesse apanhado o metro em vez de um táxi, ainda estaria a viver a bela mentira a que costumava chamar vida. Ainda seria a filha mimada de uns pais extremosos. Mas duas decisões insignificantes colocam-na no local e no instante certos para praticar uma boa acção, desencadeando uma série de acontecimentos que irá virar do avesso o mundo de Ridley...

Uma boa acção projecta Ridley Jones, jovem jornalista nova-iorquina, na primeira página dos jornais. Pouco tempo depois, Ridley recebe em casa a fotografia de uma criança com a legenda «És a minha filha?». Na suspeita de que o mundo em que vive e a sua identidade são uma ilusão, Ridley questiona tudo o que sabe acerca de si própria e descobre que todos os que a rodeiam lhe escondem algo...
No entanto, estar no lugar errado à hora certa desencadeia uma série de eventos reveladores: a sua família não é o que ela pensa, o seu nome talvez seja falso, a infância que julga ter tido pode não ser a sua.
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Simplesmente adorei este livro!
Com um ritmo incandescente, semelhante a um bom thriller que vemos no cinema, é muito difícil não nos deixarmos absorver pela sua leitura.
Ridley Jones (a protagonista desta estória) salva uma criança de um -quase- trágico acidente.
Devido à sua bravura e coragem é entrevistada por tudo o que é media. Por causa da sua fotografia ter sido imensamente publicada e exposta, ela recebe uma estranha e misteriosa carta que vai despoletar todo o desvendar deste imenso imbróglio que foi a sua vida. Carta esta que simplesmente continha um número de telefone e uma pergunta: "És a minha filha?"
Além disso, surge na mesma altura, um belo e muito atraente inquilino no prédio onde Ridley habita. Coincidência ou premeditação?
(14 de Julho de 2003)

segunda-feira

"Não é apenas desde o 11 de Setembro que Carmen Bin Ladin se manifesta contra o fundamentalismo islâmico. Quando chegou à Arábia Saudita como noiva de Yeslam Bin Laden, o décimo irmão de Osama, tratou de tudo para não ter de ali viver. No entanto, ao terminar os estudos superiores nos Estados Unidos, o seu marido regressou à pátria. Passou a dirigir os negócios da família. A vida alterou-se completamente para Carmen Bin Ladin. Até ali tinha sido para o marido uma companheira com direitos iguais, mas com o regresso à Arábia Saudita ele alterou completamente o seu comportamento.
Durante nove anos Carmen Bin Ladin suportou a repressão a que era submetida. Começou também a temer pelas filhas. Lutou, e conseguiu, para que a família vivesse durante algum tempo na Suíça. Quando o casamento com Yeslam se tornou insustentável, ela permaneceu aí com as suas filhas. Estas são livres, mas mantêm o apelido."
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Excerto: "Numa noite quinta-feira em 1978, todos os diplomatas falavam do último boato a circular por Gidá. Uma das jovens sobrinhas-netas do rei, a princesa Mish'al, fora cruelmente assassinada num parque de estacionamento da baixa da cidade.
Praticamente uma adolescente, estava prometida em casamento a um homem muito mais velho. Tentara fugir do país com o rapaz de quem gostava, servindo-se dum passaporte falso, mas fora apanhada no aeroporto.
(...) Apesar disso, Mish'al foi apanhada, não sei como. E o avô dela, o príncipe Mohamed, irmão do rei Khaled, mandou matá-la por ter envergonhado a família. O rei Khaled aparentemente resistiu à ordem do irmão, mas este insistiu na morte da neta, e era ele o patriarca do clã. Não houve julgamento, segundo me disseram. Mish'al foi morta com seis tiros num parque de estacionamento." (página 87)
Este livro não é uma obra prima da literatura, mas sim um poderoso e precioso testemunho de um passado que se reflecte no nosso presente.
Para mim foi muito importante ler este livro, pois desconhecia muitos factos da história política e social do Médio Oriente. Percebo agora, mais claramente, como é que o terrorismo chegou a este ponto de relevância nos dias de hoje.
Ao longo deste livro fui-me apercebendo da minha imensa ignorância quanto aos factos históricos que levaram ao 11 de Setembro de 2001.
A autora conseguiu conciliar factos sociais, políticos e religiosos com os pessoais, o que torna este livro numa leitura muito agradável e educativa. Fiquei abismada com a importância de as mulheres vestirem abayas; revoltei-me com a ideia de uma mutawa (uma espécie de PIDE religiosa extremista); que a palavra árabe para mulher é hormah que vem da palavra haram (tabu); que quase tudo o que as mulheres ocidentais fazem no dia-a-dia é haran (pecado) e se não é haran é abe (vergonhoso)...
Costuma-se dizer que ler é aprender e eu aprendi muito com esta leitura!
(2 de Julho de 2007)